De brincadeira em brincadeira, a peça ainda não foi para o teatro, mas já virou história em quadrinhos para colorir!!!
Soraya Rangel descobriu a peça de teatro infantil que meu pai escreveu no meio das brincadeiras com a menina de 7 anos, e me colocou como autora junto com ele.
Soraya foi atras do ilustrador e nos apresentou o projeto já meio encaminhado: história em quadrinhos para as crianças colorirem!!! Achamos lindo , eu, minha irmã Norma e minha Mãe que sempre esta pronta a promover a preservação da obra do meu pai.
Soraya se ocupou de tudo e fez o projeto acontecer com edição da Puc e o apoio da Delphos que preserva os acervos de Pedro Geraldo Escosteguy e de vários escritores gaúchos.
Relendo a peça, percebo que o sentimento humanitário que acompanhou a obra e a pessoa, também estão presentes, nesse pequeno livrinho, propondo de forma lúdica a destruição do homem mecânico. Todos somos um pouco de cada um dos personagens e não há substitutos para o homem, somos muito mais poderosos exatamente porque temos sentimentos e somos capazes de lutar pela paz e igualdade entre os homens.
Certamente gostaria de despertar esse sentimento nas novas gerações.
Escrevi para introdução do livrinho esse texto carregado de memórias:
“Dos 7 aos 70,
Os anos passaram e me vejo hoje fazendo a mesma brincadeira com meus netos e
me deixando surpreender por eles. Oscar com 5 anos me ensinando a fazer
pizza e cheio de certezas me diz :Minha pizza favorita é a Margarida.
Stellinha, com seus 2 aninhos, trabalha seriamente na fábrica das pizzas.
Esse jogo lúdico e desafiante era contínuo com meu pai.
Um exercício poético, uma reconstrução do olhar e da sensibilidade
Acho que nossas brincadeiras eram sempre uma volta à infância e um desafio
criativo.
Até que acabou saindo o “homem mecânico”, ao final de muitas brincadeiras.
O Pai se alimentava desses momentos lúdicos, assim como eu , hoje, me divirto
observando com olhos curiosos, procurando penetrar no mundinho de Oscar e
Stellinha , buscando alimento para mim mesma.
Olho para eles e vou me reinventando e armazenado pequenas memórias que
transformo em clips ou lapsos de memórias.
Reflito mais um pouco e vejo que , nos anos 60, houve um momento em que eu
e meu pai tivemos a mesma idade.
Foi quando comecei a pintar e ele descobriu um novo caminho nas artes
plásticas. Nasceram as poesias visuais.
Participamos juntos da Nova Objetividade Brasileira em 1966.
O instrumento de trabalho dele era a palavra e para mim foram as cores.
Desenvolvi meus projetos buscando o equilíbrio, através das formas e das
cores. Ele se afirmou fazendo instalações e quadros que, com
poucas palavras, eram verdadeiros manifestos políticos.
Seguimos nossos caminhos, sempre com o sorriso e os olhos curiosos, nos
apropriando do que a vida nos oferecia.
Hoje , revirando o passado e repensando toda essa vivencia, vejo que o passado
ainda está vivo, e o exercício da criação e o da sensibilidade caminham juntos
fazendo historias.
Como sei que meu pai adoraria, dedico este livrinho ao Oscar e Stellinha, meus
netinhos, bisnetos de Pedro Geraldo Escosteguy.
Agradeço à Soraya pela iniciativa.”
Solange Escosteguy Cardoso.